Crise de refugiados: o drama líbio de mulheres e
crianças em busca do sonho.
A Líbia é uma das escalas mais dramáticas da atual crise de
migrantes e refugiados do Mediterrâneo.
“Pelos dados de setembro de 2016, cerca de 256.000 migrantes
tinham sido identificados na Líbia, entre os quais 30.803 mulheres e 23.102
crianças, um terço das quais não acompanhadas”, lê-se no relatório da UNICEF.
Foram feitas 122 entrevistas: 82 a mulheres e 40 a crianças. As
crianças entrevistadas dividiram-se em 25 rapazes e 15 raparigas com idades
entre os 10 e os 17 anos. “Três quartos das crianças entrevistadas afirmaram
ter tido experiências de violência, assédio ou de agressão às mãos de adultos.
Quase metade das mulheres entrevistadas relatou ter sofrido violência ou abusos
sexuais durante a viagem”
Um dos migrantes adolescentes entrevistados na cidade
costeira de Misrata, um rapaz, contou que a “viagem para a Líbia foi muito
perigosa”.
“Foi horrível. Algumas pessoas morreram no meu caminho para a
Líbia. Apenas Deus me permitiu sobreviver, mas até eu fiquei doente no deserto.
Sem água, sem comida, nada. Por isso, vim para a Líbia. A caminho do trabalho,
fui preso. Os polícias assediavam-nos. A qualquer hora, vinham ao nosso quarto.
Batiam-nos. Chicoteavam-nos. Tratavam-nos como escravos”, relatou.
“As raparigas relataram uma maior incidência de abuso em
relação aos rapazes”, pormenoriza o relatório.
Só no ano passado 4579 pessoas morreram a tentar atravessar
de forma clandestina o Mediterrâneo a partir da Líbia.
A Líbia, dada a proximidade com a Sicília e a Itália, é o ponto de partida de muitos migrantes africanos que fogem da guerra, miséria e fome.
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